No sotão cheio de partículas de pó, com a mobília que outrora era de cerejeira - hoje está como a neve, branca... - quase que poderia criar desenhos nela, como aqueles que faço na janela da cozinha, quando faz frio e o meu bafo quente comprime a janela...
...escondo numa caixa de cartão, semi comida pelos bichinhos do papel, as lindas cartas de amor que me escreveste.
Guardei-as todos estes anos, enquanto esperava pelo teu regresso em vão, atacas com uma fita de cetim, de um cor-de-rosa tão delicado e ingénuo...Guardei-as!!!
Guardei-as só para mim...
Sei de cor cada palavra escrita, pois delas alimentei-me cada dia que foi passando e assim sobrevivi à tua cruel ausência, que me matava por dentro, um a um dos meus órgãos, saboreando o teu doce palavreado.
Oh que saudades!!
Havia tanto amor, depois só ódio, raiva e dor, agora permanece o nada, o vazio...
Sou como esta caixa aqui deixada no esquecimento, sou uma lembrança de alguém que já não lembra, já não ama, já não crê...essa chama que já ninguém vê!
Cristina Espalha
23.Julho.2011
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